sexta-feira, 21 de março de 2014

Reflexão da Quaresma

"Venderam José por vinte moedas de prata" 
(Génesis 37, 3-4.12 - 13a.17b-28)

O livro do Génesis relata a história trágica de José ser vendido por seus irmãos para ser escravo no Egipto.

Na época e até à poucos séculos atrás, a escravatura era uma realidade do quotidiano; era uma forma de exploração da força de trabalho que fazia mover a economia. A força que produzia as riquezas que só alguns usufruíam em luxuosas vidas, enquanto os escravos viviam pobremente, senão mesmo miseravelmente, em sanzalas e tabancas sem condições para albergar qualquer tipo de gado.

Não querendo fazer publicidade que qualquer espécie, aconselho a visualização do filme 12 anos escravo que, recentemente, ganhou alguns óscares. Este filme é uma ilustração do sistema de escravatura e das relações dos escravos com os seus donos.

Este filme também ilustra bem a forma como os senhores dos escravos os motivavam para serem diligentes e produtivos. A forma é muito simples resumindo-se no seguinte: tronco, chicote e pressão psicológica.

Mas podemos ficar tranquilos, pois a escravatura é coisa de tempos antigos.

Será assim?...


Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que pelo menos 12,3 milhões de pessoas sejam vítimas de trabalhos forçados em todo o mundo. Dentre essas, 9,8 milhões são exploradas por agentes privados e mais de 2,4 são vítimas do tráfico de pessoas. Outras 2,5 milhões são forçadas ao trabalho, por grupos militares rebeldes ou pelos governos de diferentes países.


Portanto, é de concluir que a escravatura ainda existe actualmente, existindo até novas formas de escravatura.

Muitos homens e mulheres, vítimas de tráfico humano, são tratadas como mercadoria pelas indústrias da droga, da prostituição e da pornografia, cujos "senhores" são gente sem escrúpulos, sem um pingo de humanidade e afastadas de Deus, seduzidas pelo dinheiro fácil,... gente que para atingir os seus objectivos egoístas não tem pudor algum em prejudicar, explorar e, muitas vezes, matar o seu semelhante sentido nenhuma culpa, nenhum arrependimento...

Uma das novas formas de escravatura  tem surgido,  muitas vezes, com empresas legitimas e até conhecidas que, na busca do máximo lucro, procuram mão de obra barata, por vezes mão de obra infantil, pagando um salário indigno que não permite uma vida digna do trabalhador e da sua família... Empresas que produzem e comercializam muitos produtos que nós consumimos no dia a dia...


Não podemos no caminho desta Quaresma deixar de pensar profundamente sobre a dignidade de cada ser humano.

Oração: 

Abre os meus olhos, Senhor.
Tira o meu coração da indiferença.
Faz-me sentir o que Tu sentes pelos teus filhos.
Liberta-me da tentação da impotência, da mentira que não posso fazer nada.
Ensina-me a ficar indignado com a opressão, a violência, a exploração.
Faz-me ficar ao teu lado, do lado dos que sofrem.

(fonte: Rezar na Quaresma, Edições Salesianas)

Sem comentários:

Enviar um comentário